Pesquisar este blog

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

INTELIGÊNCIA: Tela mental, imaginação e mielinização

Por Magna de Oliveira Melo
O comportamento e o aprendizado do ser humano estão relacionados a processos neurais específicos, o processo de comunicação entre os neurônios influencia diretamente o comportamento e o aprendizado. Em todo momento da vida o cérebro trabalha, a nossa capacidade de aprender é muito maior do que podemos imaginar. Aprender novas habilidades significa reestruturar fisicamente o cérebro, alterando a forma de como o cérebro funciona. Ao nascer o processo de maturação do sistema nervoso possibilita que o aprendizado de habilidades ocorra gradualmente. À medida que uma determinada área cerebral vai amadurecendo, haverá comportamentos relacionados com a área que já está mais desenvolvida. Apesar de bebês e crianças podem serem capazes de movimentos complexos, a coordenação e o controle motor fino só serão alcançados após o término da formação nesta área de uma substância chamada mielina.  
MATURAÇÃO NEURONAL
As células especializadas que constituem o cérebro, os neurônios, tem uma enorme plasticidade e capacidade de adaptação, são os grandes responsáveis pelo sistema de informação e comunicação neuronal.. Os neurônios são compostos por 3 partes: o corpo celular: tem muitas moléculas de proteínas especializadas; os receptores, que detectam os neurotransmissores na fenda sinaptica, no espaço entre dois neurônios. O axônio: são longas fibras nervosas que transmitem sinais através do cérebro, se estendendo ao corpo celular de um neurônio até outro como um dedo esticado, ou seja, é um tipo de cabo condutor de sinais onde a informação é passada de uma célula à outra. Os dendrítos: estruturas que servem como o principal caminho para receber sinais de outras células nervosas, funciona como antena do neurônio e são cobertos por milhares de sinapses. É possível compará-los a galhos de uma árvore que vai se ligando a outros galhos, se ramificando muitas vezes. Quando o corpo celular envia uma mensagem, o axônio a leva até o dendríto do próximo neurônio e produz a sinapse. Podemos pensar em sinapse como criar ou fortalecer os trajetos entre os neurônios através de impulsos elétricos no espaço da fenda sináptica. figura abaixo é possível observar como é feita a comunicação entre os neurônios:
Fig.1 diagrama de um neurônio
Para que o axônio possa levar a mensagem com eficiência é necessário que tenha passado por um processo chamado de mielinização. Isto quer dizer que o axônio é envolvido por uma camada de gordura e proteína, onde vai ocorrendo a maturação dos neurônios. O processo de mielinização da rede dendríticas depende de uma boa alimentação e de uma estimulação apropriada. Crianças, por exemplo, que passam fome no primeiro ano de vida e não tenham boa estimulação no seu ambiente, não desenvolvem satisfatoriamente essa maturidade neurológica, e isto pode prejudicar alguma área do funcionamento cerebral. Segundo assencio (2005) algumas dificuldades de aprendizado estão relacionadas a algum tipo de falha no córtex, e acaba havendo uma falha na interpretação dos estímulos recebidos e deixar a cognição menos eficiente. Devido a esta falha pode não haver existência de alguma substância, neurônios ou ligações dendríticas que fazem a associação.
Mielinização
Há no cérebro uma substância cinzenta e uma substância branca. Em um aparelho de ressonância magnética (mri), é possível perceber as áreas cinzentas e as brancas, mas sem muita definição, já a dti (sigla em inglês para tensor da difusão de imagem), uma nova técnica sofisticada de escaneamento do cérebro mostra com detalhes significativos. O córtex e outras células nervosas são cinzentos, e as regiões entre eles são brancas. A substância cinzenta do sistema nervoso é produzida pela agregação de milhares de corpos celulares e dendrítos dos neurônios e também axônios sem mielina, a substância cinzenta do cérebro é o local em que se dá a atividade mental e o armazenamento da memória. O córtex compõe-se de uma densa camada de corpos celulares. Partes responsáveis pelas decisões das células nervosas, ou neurônios. A substância branca no cérebro é a bainha de mielina, que tem cor esbranquiçada, por tal motivo vem a ser considerada como a substância branca do cérebro. Os neurônios são protegidos por esta substância branca e gordurosa; a mielina, ocupando mais ou menos a metade do nosso cérebro e bem maior no ser humano do que em outros animais. Portanto, a cor branca no cérebro revela a presença de feixes de axônios mielinizados.
Fig.2 substância cinzenta e substância branca
A mielina funciona mais ou menos como um isolamento das fibras nervosas, os axônios. Forma-se nos axônios como uma fita isolante, enrolada em espiral por até 150 vezes entre cada nódulo. É uma produção em camadas por dois tipos de células glias. Permitem que uma informação, ou seja, os sinais ou impulsos elétricos sejam transmitidos mais rapidamente do cérebro ao resto do corpo, ou de uma parte específica do corpo ao cérebro.
Fig.3 mielina
A mielina, entretanto não serve somente para este isolamento como costuma-se pensar antes, de acordo com Filds (2008) seus cabos não são apenas como condutores passivos, mas a mielina afeta consideravelmente a maneira de como o cérebro aprende. Apesar de o processamento mental acontecer na área cinzenta do cérebro, Assencio (2008) afirma que quando há uma imaturidade neurológica, há uma incapacitação do sistema nervoso central para desempenhar as funções sensitivo-motora-sensitiva e esta maturidade como percebemos depende da mielinização e do aumento da rede dendríticas. A ausência desta substância bloqueia a transmissão dos impulsos nervosos de uma célula a outra.
Imaginação e tela mental
Pensamos em tela mental, como representações holográficas, ou seja, não um local dentro de cérebro, um local fora do cérebro onde contém imagens com desenhos, que podem ter som, movimento, cores, temperatura, gosto, cheiro como uma realidade teria, mas com uma configuração interna que a pessoa é capaz de fazer sobre algo perceptivamente ausente. São construções mentais de pensamentos, arquivos da memória, conteúdos pessoais que podem ter origem na consciência ou no inconsciente. “A imagem é um instrumento de conhecimento e depende das funções cognitivas” (fraisse & piaget, 1963), que influencia na representação interna que cada pessoa constrói ou poderia construir. Podemos deslizar para uma situação imaginada na tela mental ou visualizar um objeto ausente, referindo-se a uma reprodução interiorizada na ausência de um modelo, que permite a evocação de imagens não realmente percebidas. Este conhecimento figurativo se baseia na abstração empírica, na capacidade de descoberta e de descrição das propriedades particulares e pode auxiliar representando e antecipando alguns aspectos do real. Estes aspectos são indicados pelas noções espaciais e de imagens mentais. A imaginação consiste em representar mentalmente e descrever a realidade, enquanto não está vivendo a situação real. Podemos dizer que a imaginação constitui-se de um sistema de representações internas que dependem de uma construção subjetiva de uma determinada realidade, que venham a traduzir um nível de compreensão desta mesma realidade, permite investigar o real para conhecer seus efeitos. Segundo Winston (2004) uma pesquisa da British Broadcasting Corporation (BBC) sobre esportistas, os cientistas descobriram que uma região do cérebro é ativada quando imaginamos um movimento corporal, criando trajetos entre os neurônios, o que torna mais fácil aos atletas fazer os movimentos corretos depois que tal caminho já está criado. A imaginação possibilita, portanto analisar o passado e avaliar possibilidades para um determinado futuro em qualquer que seja a situação. As imagens mentais mexem muito mais com os nossos sentidos: podemos perceber isto ao falarmos que estamos experimentando um limão bem azedo, se não criarmos a imagem na tela mental, estas palavras não produziram nenhum efeito, mas ao criarmos a imagem na tela mental, esta imagem produzirá percepções sensoriais, como salivação, por exemplo. As imagens mentais podem ser muito mais fortes do que as palavras que não estejam acompanhadas das imagens as quais tais palavras estejam representando. Havendo divergências entre imagens mentais e palavras, as imagens tenderam a ganhar. Esta divergência ocorre quando a pessoa pensar algo e criar imagens contrárias ao que pensou mesmo sem perceber. As imagens na tela mental são muito importantes para a aprendizagem e permite treinar a mente e criar padrões neurais no cérebro a respeito de um assunto.
<
b><b>Mielinização, aquisições intelectuais e tela mental
O processo de mielinização ocorre gradualmente, ou seja, diferentes neurônios se mielinizam em diferentes épocas do desenvolvimento do organismo. Esse fato fornece embasamento para a compreensão das teorias que descrevem as fases evolutivas da criança, como os estágios de Piaget. As funções neurológicas são importantes para as funções cognitivas de uma imagem mental. Conforme Piaget, a formação da imagem na tela mental está ligada ao aspecto das funções cognitivas, aos aspectos figurativos do pensamento e também com a percepção, portanto será influenciado pela maturidade do cérebro. Assim como o processo de mielinização o surgimento da imagem mental também não acontece ao nascer e também passa por transformações. Na teoria de piaget no curso do desenvolvimento infantil, por volta dos dois anos de idade, a imagem mental será uma imagem reprodutora, essencialmente estática, é quando ocorre a capacidade de representar um objeto, acontecimento ou esquema conceitual, esta capacidade é chamada de função semiótica, a qual a representação mental é uma entre as cinco partes desta função. Por volta dos 7 ou 8 anos o pensamento torna-se operatório, assim a imagem mental torna-se antecipadora, isto quer dizer que é uma imagem que possibilita imaginar “movimentos ou transformações assim como seus resultados, mas, sem haver assistido anteriormente à sua realização” (Piaget, 1994 ).
Para Piaget o estudo das imagens mentais teve por objetivo verificar as relações existentes entre a representação de imagem e o funcionamento do pensamento, o que equivale dizer que suas pesquisas sobre as imagens, estão relacionadas com o desenvolvimento do cérebro, incidindo sobre os aspectos figurativos e operativos das funções cognitivas. Piaget estudou a estrutura da imagem e não o seu conteúdo. Ao analisar as capacidades imagéticas encontra-se a possibilidade de que uma pessoa imagine “objetos estáticos, transformações conhecidas, ou mesmo antecipe em imagens as transformações novas para ele” (Piaget & Inhelder, 1977:19). Com a internalização dos objetos pode-se marcar o aparecimento de uma imagem ou da representação mental, a partir daí uma pessoa é capaz de lidar com objetos ausentes podendo dispensar características perceptuais de um objeto. Por exemplo, quando a pessoa ouve um cachorro latir vai aparecer na sua tela mental um cachorro, ela não irá imaginar um elefante, a não ser que nunca tenha visto um cachorro antes. Ao lembrar de uma música, naturalmente lembraremos de algo que está relacionado e isto poderá se relacionar a outra imagem, consecutivamente criar uma história, imaginando-a na tela mental, o que torna possível pensar além dos limites da percepção da realidade de acordo com experiência interna de cada um. Quando as funções na tela mental requerem associação, o cérebro procura associar as imagens dando sentido a elas e precisa ativar outras regiões do cérebro. Quando tiver que evocar uma lembrança, ativará áreas ligadas à memória e sabe-se que a memória e o aprendizado se dão quando determinados circuitos neuronais se conectam de forma intensa. É bem possível de que a mielina influencie esta intensidade.
<
b>A hierarquia no processo de mielinização>
A ciência hoje sabe que a maturação cerebral total do individuo só vai acontecer na fase adulta, a criança mesmo após passado por todas as fases do seu desenvolvimento ainda não terá adquirido a forma final de equilíbrio, nem conseguido ainda alcançar um padrão intelectual que persistirá durante a idade adulta, mas sim, o amadurecimento do cérebro ainda continuará por mais alguns anos. A mielina é apenas parcialmente formada no nascimento e conforme já observamos, se desenvolve, aos poucos, em diferentes regiões do cérebro. A bainha de mielina só se completa por volta de 25 anos. Este fato pode ser uma das justificativas para a difícil tomada de decisões na adolescência. O momento do crescimento pode influenciar a aprendizagem, o auto controle (comportamento que normalmente os adolescentes ainda não têm) e transtornos mentais como a esquizofrenia, o autismo e, até mesmo de aprendizagem. figura a seguir vemos a etapa de mielinização ocorrida no decorrer do desenvolvimento humano:
div class="separator" style="clear: both;">
Piaget & Inhelder (1977) afirmam que as representações de imagem se constrói gradualmente apresentando graus crescentes de complexidade, produzindo uma hierarquia de imagens. Podemos relacionar possivelmente com a graduação da maturação da bainha de mielina sobre o cérebro. A primeira área mielinizada no lobo frontal é a área motor primário, responsáveis pelo desenvolvimento motor e sensitivo. O desenvolvimento nesta área permite a execução de movimentos voluntários. Na seqüência vem a maturação da área pré-motora que vai permitir uma melhor organização do movimento. Como este processo começa na parte posterior do cérebro até chegar à parte frontal, a última área que será mielinizada será na região frontal do cérebro. O córtex pré-frontal é a região responsável pela capacidade de concentração, de percepção e de alternar o foco entre diferentes tarefas, como, organizar, planejar manter a atenção e o autocontrole, pela linguagem e pelo pensamento sofisticado, tais faculdades só adquiridas com a experiência.
Fig. 5 áreas do cérebro
A mielina vai se concentrando nestas áreas temporal. Quanto mais mielina nessas regiões, mais acelerados são os impulsos entre os neurônios. E uma informação irá direto de uma célula nervosa para outra. Segundo Fields (2008), pesquisadores especulam que uma maior quantidade de mielina nas regiões críticas para tomada de decisões, beneficiariam as pessoas mais velhas, que por conta desta maturação acabariam sendo mais sensatas que as mais jovens. Esta teoria sugere, portanto a importância da mielina na aquisição intelectual. Segundo fields (2008) diretor do setor de plasticidade e desenvolvimento do sistema nervoso do national institute of child health and human development, nos estados unidos, os cientistas negligenciaram a importância da mielina na transferência de informações entre as regiões do cérebro, e já reconheceram o fato. Ele afirma que após anos pesquisando a substância cinzenta como causa de doenças mentais, os neurocientistas agora descobriram evidencias de que a substancia branca também é importante. Os cientistas ao examinar os neurônios ao microscópio, viam apenas os axônios. Mas ao observaram que cada axônio estava recoberto com um gel cristalino os anatomistas deduziram que esta cobertura de gordura servia para isolar os axônios como uma capa de borracha sobre um fio de cobre. No entanto, há também muitos axônios sem mielina. Todas as informações devem ser transmitidas rapidamente nos circuitos neurais, isto quer dizer que os axônios deveriam ser mielinizados por igual, mas nem sempre porem esta rapidez é melhor para os neurônios. Uma informação deve percorrer diferentes distâncias e chegar a um determinado lugar em um determinado tempo. Quando uma aquisição intelectual é complexa, por exemplo, a informação deve ir e voltar entre diversas regiões, precisando, portanto, de algum atraso para torna-se eficiente. Ou seja, se todos os axônios transmitirem a informação na mesma velocidade, os sinais de neurônios mais distantes sempre chegariam após os de sinais dos neurônios mais perto. Um impulso leva de 30 milissegundos para percorrer de um hemisfério do cérebro para outro, pelos neurônios mielinizados, comparado a 150 a 300 milissegundos de neurônios desmielinizados. No nascimento nenhum dos axônios do corpo caloso é mielinizado e até o inicio da vida adulta 30% permanece sem mielina, afirma fields (2008). Alguns estudos recentes sugerem diferença entre pessoas que apresentam determinadas disfunções. A diferença também se mostra quando uma pessoa aprende algo ou pratica uma habilidade como tocar piano, por exemplo. Os neurônios executam atividades físicas e mentais na substância cinzenta, mas o funcionamento da mielina tem igual importância na determinação de como a pessoa domina estas atividades. Apesar de ser a substância cinzenta que produza o pensamento e os cálculos no cérebro, são as substâncias brancas controlam os sinais compartilhados pelos neurônios e coordenam a maneira como as regiões do cérebro trabalham em conjunto. A mielinização, então só termina na idade adulta, por volta de 25, 30 anos, pois até esta fase os axônios continuam a se desenvolver, adquirindo novas ramificações e outros vão sendo aprimorados pela aquisição de experiências. Depois que termina o processo de mielinização, as mudanças são mais limitadas, Douglas Fields afirma que por muito tempo houve a dúvida de que a formação de mielina seria programada ou as experiências de vida alterariam o grau de recobrimento, com um limite para o aprendizado? A mielina seria responsável pelo desenvolvimento da capacidade cognitiva ou isto se restringiria somente as regiões onde ela ainda não tivesse formado? Em 2005 Fredrik Ullén, professor adjunto do instituo do cérebro de Estocolmo, na Suécia e seus colegas fizeram uma pesquisa com um grupo de pianistas profissionais, comprovou que o cérebro destes profissionais tinha a substancia branca bem maiores em certas regiões do cérebro (Fields, 2008). pesquisa confirmou que a mielina pode se alterar em resposta à experiência mental e ao seu ambiente de desenvolvimento, reforçando a importância de estímulos externos no processo da mielinização, o que é muito importante para o aprendizado que por ser uma atividade complexa, produzirá nítidas alterações na substância branca. Outra pesquisa feita pelo neurobiologista Willian t. Grrenough da Universiy of Illinois, nos estados unidos, mostra que camundongos criados em ambiente de fácil acesso à brinquedos e interação social, apresentaram mais fibras mielinizadas. O neurocientista Yucent j. Schimithorst, do Incinat children’s hospital , comprovou que maior quantidade de substancia branca tem relação ao nível intelectual mais elevado. de alguns pesquisadores ainda precisarem de uma explicação mais plausível para comprovar que a falta de mielina venham a comprometer as faculdades mentais, ou ao se a grande quantidade favorece realmente a cognição, estas descobertas comprovam a influência da experiência na formação da mielina. A mielinização reage ao ambiente interferindo na aprendizagem em parte por fortalecer as conexões neuronais, resultando em capacidade para a aquisição intelectual e para o aprimoramento, Fields relata que em seu laboratório já foi investigado as várias maneira pelas quais as experiências pessoais influenciam a formação de mielina. Os testes também ajudaram a explicar como a substância branca influencia a capacidade cognitiva, afirma também não haver nenhuma dúvida de que a mielina responda ao ambiente e toma parte nas habilidades cognitivas. Foi contatado em crianças e adolescentes de 5 a 18 anos uma direta relação entre maior desenvolvimento da mielina e inteligência mais alta, assim como as crianças que eram submetidas a negligência apresentaram 17% menor a substância no corpo caloso. É possível perceber a partir destes estudos que uma falha nesta transmissão de informações entre os neurônios pode comprometer o sistema neurológico. A dislexia, por exemplo, resulta em um desajuste nesta comunicação nos circuitos responsáveis pela leitura. A imagem do cérebro mostrou a redução nestes tratos, como uma provável justificativa para este desajuste. “acredita-se que anormalidades na substância branca refletem as falhas na mielinização e as anormalidades dos neurônios que afetam estas conexões da substância branca” (Fields, 2008). Nas pessoas com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, distúrbio bipolar, distúrbios de linguagem autismos, declínio cognitivo senil, mal de Alzheimer e até a mentira compulsiva, também havia anormalidades na quantidade de mielina encontrada. A esquizofrenia é vista hoje como um distúrbio em que a conectividade não é normal. Em torno de 20 estudos recentes concluíram que a substancia branca é anormal em esquizofrênicos e que o problema está relacionado ao desenvolvimento da mielina. mielina subdesenvolvida ou desabilitada pode ser o resultado desta deficiência de comunicação entre os neurônios e não necessariamente sua causa. A eficiência na comunicação entre as regiões do cérebro é dependente da qualidade de substancia branca ligando as regiões e isso é muito importante para uma adequada aquisição intelectual. “as alterações da mielina alteram os neurônios ou as alterações no padrão neuronal alteram a mielina”? (Filds, 2008). As investigações de Ullén sobre pianistas aclamados revelaram que a substância branca é mais desenvolvida em cérebro que aprenderam a tocar um instrumento na infância. Em pessoas que aprenderam na adolescência, o desenvolvimento da substancia branca foi aumentado apenas na parte do cérebro que ainda estava em processo de mielinização, indicando que as fibras nervosas em parte determinam as faixas etárias para aquisições cognitivas. A mielina contém moléculas de uma proteína especifica que impedem o aparecimento de novos axônios e a formação de novas conexões. Quando esta proteína nogo-a , foi neutralizada, animais que tinham lesões na medula espinhal repararam as conexões comprometidas e recuperaram a sensibilidade e o movimento. Segundo Fields (2008) Stephen m. De Yale descobriu que o período critico para ramificar o cérebro de animais através de uma experiência poderia ser reaberto, bloqueando-os estes sinais da nogo. Quando a proteína foi quebrada, em camundongos velhos, esses animais conseguiram refazer as conexões da visão. A substância branca é fundamental para o aprendizado que exige repetição e prática prolongada, além de uma ampla interação entre as regiões muito distantes do córtex cerebral As aquisições de novas habilidades em crianças cujo cérebro continua a ser mielinizado adequadamente ocorrem muito mais facilmente que seus avós. O cérebro que temos hoje é resultado da interação com o ambiente que tivemos durante todo o nosso crescimento, enquanto nossas conexões neurais ainda estavam sendo mielinizadas. Talvez não possamos nos tornar uma excelente pianista, jogador de xadrez ou tenista se não começamos a treinar na infância. Pessoas mais velhas também aprendem, mas é um tipo diferente de cognição, com envolvimento direto das sinapses. “e como o treinamento intensivo leva os neurônios a emitir estímulos, da mesma forma é possível que estes estímulos, provoquem a mielinização”. (Fields, 2008 p. 55)
Concluindo:
Da infância até a vida adulta, à medida que nosso cérebro amadurece a precisão das conexões entre as regiões também vai evoluindo e a qualidade destas conexões pode determinar a probabilidade da aquisição de certas habilidades, em determinadas épocas. Isto não significa, portanto que em todas as pessoas esta época seja exatamente a mesmas. Há de se lembrar de que cada ser humano tem seu tempo de mielinização, cada cérebro tem sua própria forma de funcionar, sua forma de maturação de acordo com as variantes apresentadas. Devem ser respeitados tais processos de maturação no cérebro para que a construção dos circuitos neurais tenha condição de fazer da melhor maneira possível. Isso requer uma diferenciação na aprendizagem, pois tal processo é muito subjetivo, único em cada individuo, seu tempo de aprendizagem precisa ser levado em consideração sempre.
Referências:
Assencio-ferreira, vicente josé. O que todo professor precisa saber sobre neurologia. Coleção inclusão social. São josé dos campos: pulso, 2005. ___________________ congresso brasileiro sobre dificuldades de aprendizagem e do ensino, são paulo: 2008. Bartzokis, george. Falha nas conexões cerebrais pode ser causa de alzheimer. Htpp:// bbc brasil.com; acesso em 26 de agosto de 2008. Fraisse, P., Jean Piaget,J. Traité de Psychologie Experimentale P.U.F., Paris, 1963. PiAGET, J., INHELDER, B. A psicologia da criança. Rio de Janeiro : Difel, 1977. Fields, r. Douglas. A estratégica substância branca. Scientific American. Brasil: ed. Duetto, abril 2008. Winston, r. Mistérios da mente, British Broadcasting Corporation, brasil: dvd vídeo, 2004.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

NeuroEducar


Se os padrões mentais internos estiverem desajustados, ou seja, com um funcionamento neuronal insatisfatório, podem provocar problemas de variadas ordens, incluindo a dificuldade para a aprendizagem.

A neuroeducação vem trabalhando no conceito de tela mental e imaginação, sendo que através de ferramentas capazes de intervir sobre as dificuldades de aprendizagem em um processo rápido, fácil e sem esforço para o cliente, é possível “neuroprogramar” as dificuldades para tornar a aprendizagem mais fácil e agradável. Tais ferramentas possibilitam ao individuo atingir o seu potencial máximo de funcionalidade, transformando limitações em capacidades como possibilita a melhora da qualidade de vida do indivíduo. Todo estímulo, seja interno como um pensamento ou externo, como as palavras, gestos ou algum acontecimento no meio ambiente desencadeia no cérebro uma representação interna da realidade. Com isto esta mistura do que acontece no meio ambiente com o que acontecem em nossa mente formam nossa percepção.

Ao longo da vida a história pessoal vai se estabelecendo, e é construída pelo significado que daremos de acordo com as nossas percepções dos acontecimentos que serão registrados em nossa mente. A tendência do ser humano é relacionar um momento vivido anteriormente ao momento da realidade a qual está vivendo, pois o cérebro sempre busca referências de comparação e muitas vezes estas comparações levam às percepções desconectadas com a realidade e também às sensações desconhecidas que produzem consequentemente reações muitas vezes desnecessárias e inúteis. É preciso ter o conhecimento deste processo para poder mudar o padrão mental e desencadear uma mudança na percepção. Com a mudança surge a sensação de ter mais domínio das ações. Todos têm os meios para fazer isso. Não é possível mudar o passado, mas podemos alterar definitivamente a representação interna sobre ele, ou seja, alterar a forma como tais registros são representados em nossa mente e reestruturar fisicamente o cérebro. Goleman (1995) diz que o conhecimento que temos de nós mesmos, de nossos sentimentos ou intuição é fundamental para que possamos ter confiança, conhecendo nossos pontos fortes e fracos.

Quando determinadas sensações tornam-se persistentes e freqüentes podem impedir uma pessoa de levar uma vida normal, que gera alguma improdutividade nas suas habilidades, capacidades e ações. É preciso, portanto buscar o referencial comparativo da pessoa que apresenta um problema, ou seja, quando uma pessoa se compara a outra pessoa cujo considere ser melhor que ela, faz com que a pessoa se valorize para menos, já que não atinge o seu referencial de comparação. O exemplo é quando um irmão que é melhor que o outro; sua referencia estará sempre no irmão, o qual é considerado sempre melhor e isto faz com que não se compare a si mesmo quanto às melhoras que podem acontecer ou já aconteceram, mas sempre com um referencial inatingível. Isto quer dizer que ela busca comparação no meio ambiente, quando esta comparação deveria ser sempre quanto a si mesma, o quanto pode ser melhorada.

Com a neuroeducação é possível desgravar tal sensação para poder tirar a sensação de insignificância. Possivelmente trabalhando na pessoa esta sensação e deixar a sensação na pessoa de que ela é igual a outras pessoas, nem menos e nem mais. Quando apaga a inferioridade a sensação agradável costuma aparecer naturalmente. Antes, porém é preciso descobrir em que a pessoa se acredita inferior, pode ser qualquer coisa ou qualquer pessoa. Se acreditar em alguém que disse que era algo a menos do que ela é, a pessoa passa a se comportar tal qual lhe foi dito e não percebe que esta atitude não é natural. Deve-se achar a fonte desta história pessoal da pessoa, de onde saiu a sua conclusão de que ela é assim ou tem que ser assim, ou seja, lá o que ela acredita ser.

Esta crença pode geralmente vir acompanhada de muita culpa, devendo o cliente ser tratado totalmente a sua relação com este sentimento. Pode ser preciso desconstruir as sinapses de tudo que há em relação a esta crença e posteriormente fazer novas construções sinápticas. Temos que dar a sensação de igualdade e com cuidados para não transformar o sentimento em superioridade, isto que dizer que os dois pólos devem receber novos significados.

A neuroeducação possibilita que o ser humano possa expressar-se livremente levando-o a sua genialidade. O trabalho terapêutico individualizado com a neuroeducação tem como objetivo principal dar possibilidades para que o cliente possa se reorganizar em suas estruturas neurológicas, possibilitando que construções sinapticas sejam construídas ou organizadas a fim de fornecer ao cliente, meios eficazes para sua total funcionalidade cerebral.
Magna O. Melo
Neuroeducadora e Psicopedagoga

QUEM EDUCA QUEM?

O livro “quem educa quem?” faz os educadores pararem para refletir sobre sua prática. A autora faz neste livro muitas criticas com relação a alguns aspectos da educação, como, a necessidade do diploma universitário, as aprendizagens fora da sala de aula, os erros no ensino de educação artística, e também com a postura dos professores. Fanny cita vários artigos e palestras, muitas vezes questionando as perguntas e experiências, melhor dizer a falta de experiência de professores, a descrença entre eles mesmos, o conteúdo extremamente desvinculado da vida humana e de outros conteúdos e a preocupação exagerada por parte das escolas e dos pais apenas com o vestibular, preocupação esta, já desde a educação infantil. Ajudar o aluno a ter novas experiências, sentindo prazer é muito importante, ela diz, só o aprendizado cognitivo não torna o ser humano feliz, há uma preocupação da autora com o primeiro da classe, que segundo ela, não vive a vida, o aluno deveria competir com ele mesmo, superar suas próprias deficiências e falhas, o primeiro da classe tende a aceitar tudo, não questiona, não tem chance de crescer como pessoa. Fanny pesquisou alunos a respeito das aulas de arte e diz que os alunos gostam mais das aulas de artes, pela liberdade de pensar e desenvolver as próprias idéias livremente fazendo porque gosta, enquanto nas aulas de classe só faz o que a professora manda evidentemente que não são todas as aulas de arte que as crianças gostam, mas foram colhidas respostas das próprias crianças o porque gostam de uma e de outra não. Quando a autora fala sobre como saem despreparados dos cursos superiores e além de tudo ganham tão mal que precisam ministrar muitas aulas para viver alem de tudo diz ela ganham tão mal que precisam ministrar muitas aulas para viver, sabemos muito bem do que ela está falando, pois é fácil comprovar isso, continuamos saindo despreparados. Mesmo o livro tendo sido escrito há tanto tempo, ainda nada mudou. Essa falta de preparação impede o professor de trabalhar o lado criativo do aluno, já este também não o tem, ficando evidente a preocupação apenas com o cognitivo. A escola também não fornece nenhum incentivo, atolando o professor com planejamentos elaborados antecipadamente, limitado e sem possibilidades de conquistas junto aos alunos, é impossível fazer um bom trabalho dessa maneira, não há ligação com o aluno. O educador deve saber o seu papel na história e valorizar isso, ter postura de educador onde quer que seja, ser um transformador de si e dos alunos, para que possam atuar na sociedade com criticidade e ter segurança ao ensinar. A escola é muito separada da vida, Fanny relata que em uma de suas palestras havia professores de educação artística que nunca tinham ido ao teatro, ou seja, os professores são despreparados em suas próprias funções e foram preparados por professores também mal preparados, ficando totalmente perdidos, não sabem o que é arte, nem como e o que ensinar, muito menos o que significa desenvolver a criatividade. Há uma incapacidade de despertar o interesse e a curiosidade tão importante para um aprendizado significativo da criança. O professor deveria estimular, o que hoje em dia é só teoria, que a criança traga conceitos de sua própria realidade, tornando o conhecimento em qualquer área muito mais amplo, tanto para o aluno quanto para o professo Em um dos capítulos ela aborda a respeito do visual das escolas, onde entrevista Madalena Freire e o artista plástico Valdir Sarubbi, os três têm a mesma opinião sobre como são decoradas as escolas, dizem que uma olhada e já se nota-se qual é a proposta da escola, e como a professora encara o processo educacional e quais os valores que estão em jogo. É importante que a sala não tenha tantos detalhes e que não atrapalhem o efeito visual na hora de expor um trabalho feito pelos alunos feita em sala de aula. As brincadeiras de rua, as cantigas de roda os brinquedos inventados e muitas vezes desinventados, segundo Fanny são brincadeiras educativas insubstituíveis, e que qualquer lugar bem aproveitado se torna educativo. Defende bem os aspectos sentimentais e as experiências pessoais, assim como deveríamos todos nos educadores fazer, mas teimamos em fingir que não entendemos isso e ainda insistir em conteúdos isolados. Os trabalhos produzidos pelas crianças na escola são muito importantes para elas, pois é a sua expressão, devendo ser levado pra casa e aceito pela família, ela tem necessidade de mostrá-lo, pois coloca neles parte de si e sente necessidade de expor, cabe a família entender este processo e recebê-los. A autora aborda um tema muito comum hoje em dia em projetos escolares que é o concurso dentro da escola, em que premia o melhor trabalho feito por alunos, segundo ela este tipo de premiação destina precocemente a criança a uma área especialista podendo bloquear manifestações posteriores, a criança deveria se expressar com liberdade, o educador deve saber respeitar e entender isso. Este capítulo é muito especial, devemos perceber o que podemos fazer com as crianças quando colocamos em nosso planejamento algo assim. O nome da escola é um atestado ideológico, diz a autora, há falta de imaginação na escolha do nome, muitas vezes infantilizando a escola mesmo quando já não é apenas uma escolinha infantil ou então nomes tão incompreensíveis para as crianças ou nomes que elas sentem vergonha em dizer onde estudam. No capítulo que trata a respeito dos mestres que contribuíram em sua formação, entrevista seus três grandes mestres que é Antônio Candido de Mello e Souza, João Vilanova Artigas e Paulo Freire, também falando de seus mestres. O relato de Paulo Freire é comovente, fala de como aprendeu com a fome, com os amigos, as namoradas, os alunos, a mulher, enfim, e diz que aprender a lidar com a liberdade e a autoridade é essencial à formação de qualquer educador. Os três têm em comum que seus primeiros mestres foram seus pais, a família tão comentada atualmente como ponte entre a escola e o aluno, os mestres têm também consciência de sua história, e valorizam a pesquisa. A necessidade dos diplomas, abordado no livro, nós nos deparamos com situações de pessoas muito bem em suas carreiras sem ter estudado em escola e outras em carreiras completamente diferentes das que se formaram, concluindo que na escola não há uma ligação com a vida afastando muitas vezes os estudantes que fogem dela,como alguns relataram, preferindo estudar sozinhos, ser autodidata. O que tem em comum entre essas pessoas, é que todas elas lêem muito e aprenderam com a experiência da vida. Ou seja, a experiência vivida ensina mais que a escola, e a leitura interessada na escolha que fez é muito mais abrangente, pois ensina conteúdo vinculado ao fazer útil, na hora em que a necessidade impõe, existindo uma ligação entre o aprender por prazer, por querer. A leitura deste livro nos remete a variadas sensações, ora nos faz sentir raiva, ora prazer, muitas vezes descrença na educação, nos professores e nas escolas, mas o maior recado da autora é a conscientização de como anda nossa prática e mudá-la se necessário. ABRAMOVICH, Fanny, quem educa quem?, Summus editorial. 9ºed. São Paulo. 1985.

COMO CONTROLAR A EMOÇÃO



EMOÇÃO


A emoção está relacionada com a percepção que temos sobre a realidade. São construídas através de associações de ideias, pensamentos e sentimentos. 

Os pensamentos se originam no córtex cerebral produzindo substâncias químicas que geram informações sensoriais que  são  identificadas pelo organismo como sentimentos. 

Tais sentimentos ficam acomodado na rede neural e são ligados a outros conforme as ideias sobre os mesmos vão sendo construídas. 

Podemos nem saber por que temos as tais sensações, mas toda vez que  a experimentamos, o processo emocional envolvido se intensifica.  Por   não  conseguimos criar novos significados para as tais experiências acabamos nos viciando nessas sensações. 

As pessoas quando não dominam suas emoções podem ser prejudicadas e pagar um preço alto pelo  analfabetismo emocional.



Muitos problemas poderiam ser evitados se houvesse um uso mais adequado das emoções. O domínio   das emoções torna possível  quando várias opções de emoções estão disponíveis na mente e as escolhemos de maneira consciente, usando o cérebro de maneira muito mais produtiva. 

A perfeita saúde mental depende bastante de aprendizado emocional, pois muitos  descontroles mentais estão relacionados com a organização dos pensamentos e sentimentos. Quando uma pessoa não consegue por si mesma fazer uma mudança e  sua qualidade de vida está limitada ou prejudicada,  não deve ter vergonha de procurar ajuda especializada. 

Em relação às crianças, quando os adultos respeitam os seus sentimentos e conversam com elas a respeito deles, sejam estes positivos ou negativos, ocorre um fortalecimento da autoestima da criança  fazendo com que se ela se sinta valorizada. 

A escola também deve se lançar ao desafio de uma educação também na área emocional, a fim de ajudar a desenvolver em cada aluno os princípios dos valores morais e éticos. construindo um SER- humano.


TDAH

Sistema Educacional e o Aluno com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
O sistema de ensino atualmente tenta manter um padrão entre os alunos e espera que todos eles correspondam da mesma maneira. Quando um aluno é diferente ou tem um ritmo de aprendizado diferente é considerado aluno problema ou com dificuldades de aprendizado. Segundo Condemarín et. al (2006) é muito importante que no sistema educacional haja adequação às necessidades dos alunos para possibilitar tanto o seu desenvolvimento psicossocial, quanto à realizar novas aprendizagens. O comportamento e o aprendizado do ser humano estão relacionados a processos neurais específicos e o processo de comunicação entre os neurônios influencia diretamente o comportamento e o aprendizado. Aprender novas habilidades significa reestruturar fisicamente o cérebro, mexendo na forma de como o cérebro funciona. Algumas crianças não têm exatamente o que podemos chamar de problemas de aprendizagem, mas seu ritmo de aprendizagem necessita mais da ajuda do professor do que a outra criança, de uma estratégia diferente para aprender ou ainda falta amadurecimento cerebral. o processo de maturação começa na parte posterior do cérebro até chegar à parte frontal e a última área que está madura (mielinizadas) será a região frontal do cérebro. Esta região que é a responsável pela capacidade de concentração, de percepção e de alternar o foco entre diferentes tarefas, como, organizar, planejar manter a atenção e o autocontrole, pela linguagem e pelo pensamento sofisticado. Tais faculdades só adquiridas com a experiência. Este processo indica que cada criança tem seu tempo de maturação e cada cérebro tem sua própria forma de funcionar, o pode justificar certas dificuldades na aprendizagem em algumas fases da vida da criança. Devem ser respeitados os processos de maturação no cérebro para que a construção dos circuitos neurais tenha condição de fazer da melhor maneira possível. Isso requer uma diferenciação na aprendizagem, pois tal processo é muito subjetivo, único em cada individuo, seu tempo de aprendizagem precisa ser levado em consideração sempre. Da infância até a vida adulta, à medida que nosso cérebro amadurece a precisão das conexões entre as regiões também vai evoluindo e a qualidade destas conexões pode determinar a probabilidade, no entanto a influência externa influencia em uma maturação mais eficiente ou não.
A criança com problemas de atenção sofre muito na escola, segundo Benczik (2002), e este problema tem aumentado nos últimos vinte anos, pois para um bom desempenho escolar do aluno, ele depende cada vez mais da atenção e concentração por tempos cada vez mais longos, assim como ficar horas sentada na cadeira. Temos que reconhecer a mecânica do nosso sistema educacional e os motivos pelos quais os alunos não conseguem satisfazer as exigências propostas. Segundo a ABDA, (2006) os médicos dizem que é importante diferenciar "dificuldades em se adaptar a um sistema educacional" de "impossibilidade de aprendizagem". Crianças com TDAH, por exemplo, têm inteligência e capacidade de aprendizado igual à de uma outra criança e são bastante criativas, no entanto é preciso dar chance para que ela se desenvolva e observar as suas deficiências.
O sistema social tem regras que dita o que às pessoas devem ou não devem fazer e como devem se comportar, tanto o ambiente escolar quanto o ambiente familiar tem suas próprias regras estando ou não de acordo uma com a outra. No caso de crianças com TDAH Condemarín et. al (2006) diz que as percepções dos limites devem ser apoiadas e repetidas muito mais do que com as outras crianças. As crianças comparam as regras da família com as da escola e se são muito diferentes ficam extremamente difícil para elas compreendê-las. É preciso uma relação estreita entre a escola e a família e principalmente com o professor, não pode haver de forma alguma contradições entre eles. Deve haver uma sólida união para o mesmo fim que é ajudar a criança com dificuldades.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

lançamento do livro


DIFICULDADE DE LEITURA

Dislexia

Daniel da 7ª serie sabe que vão pedir a classe para ler em voz alta uma peça que estão fazendo às dez horas. Quando faltam 15 para às 10, ele começa a jogar bolinhas de papel no colega de classe. É só uma questão de tempo até que a professora perceba o seu comportamento e o mande para sentar lá fora. Desta vez Daniel venceu, ele se livrou de ler em voz alta na frente dos colegas.
                  Embora os colegas saibam que ele tem um transtorno de aprendizagem, não tem sabem o suficiente para não zombarem dele.            Frequentemente a criança com dislexia se vê em situações nas quais as pessoas a sua volta não sabem de seu problema, então pode decidir manter em segredo por vergonha, embaraçada ou anormal e isso provoca uma tremenda pressão sobre a criança, que fica com medo de ser descoberta. Pode sentir que a única solução é evitar situações em que possa ser descoberta. Fugindo de grupos teatrais, faltar muito à aula, inventar uma doença quando tem uma prova, sair do parque quando as crianças estão pulando corda ou jogando bola. O adulto disléxico também costuma evitar situações para evitar que seu segredo seja descoberto.
Muitas vezes os pais não entendem esses como medos são reais e que deve percorrer com seu filho e precisa também compreender esta sensibilidade do seu filho quanto a não quere que saibam do “problema”. Vamos imaginar; você tem medo de ir até ao supermercado e preencher um cheque para pagar a conta? Tem medo de ir até a outra cidade dirigindo e encontrar um endereço? Tem medo de preencher um formulário no consultório médico? Tem medo de seguir direções para chegar a uma loja?
Normalmente responderemos que “não, é claro que não”, no entanto o autor do livro “A vida secreta da criança com dislexia”, Robert Frank, que é disléxico, garante que muitas destas situações são assustadoras para ele, mesmo sendo ele um PHD, algumas coisas são muito complicadas. Ele diz que quando um bairro é muito distante ele tem medo de não encontrar o caminho de volta.
Nesta situação se você é adulto pede ajuda, mas e a criança que não está preparada? Investigue se seu filho tem medo de andar de bicicleta, jogar jogos de tabuleiro, ler em voz alta. Talvez a criança tenha medo de ler em voz alta não somente por medo de parecer estúpida, mas também por ser descoberta, muitos de nós não gostamos que outras pessoas saibam coisas ruins a nosso respeito.
Este medo é irreal, ninguém vai perder nada se for descoberto, mas a carga emocional é muito grande para a criança e para ela este medo é real, como uma nuvem negra. O medo pode ser muito mais incapacitante do que a dislexia em si. Temos que ajudar a descobrir estratégias e que a manter uma atitude positiva. Estimule o seu filho a falar sobre seus medos e aflições, e faça o saber que você não vai rir dele, lembre-se que para você pode ser fantasioso, mas para ela é muito real. Nunca diga para ele não se preocupar e que ele vai se sair bem, em vez disso escute-o e fale sobre estratégias e maneiras de lidar com novas situações. Faça o saber que ele pode vir falar com você a qualquer momento sobre o que o está perturbando. Com seu apoio e estímulo será mais fácil. Assunto: A vida secreta da criança com dislexia –Robert Frank – ED.M. Books