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quarta-feira, 9 de maio de 2012

As crianças também devem aprender emoções




O aprendizado das emoções para uma criança depende muito da educação, tanto a escolar quanto a familiar. Muitos pais ou professores não têm o hábito de levar em consideração o sentimento das crianças, alguns simplesmente ignoram-os ou não lhes é dada a atenção devida. 
Alguns pais e professores podem ser muito rigorosos com os filhos, muitas vezes brigam ou gritam com as crianças quando elas tentam lhes dizer algo. Este tipo de atitude pode desenvolver um sentimento de medo, hostilidade, inferioridade, rejeição ou inadequação.
Quando os pais reagem ignorando a criança ou dizendo para ela não aborrecê-los, tal comportamento contribuirá para que a criança venha a se tornar agressiva, tímida e a construir um auto-conceito fraco. Se ela tiver oportunidade de suprir sua carência e inflar seu ego, reagirá com um comportamento que desperte para si toda a atenção. A reação pode ocorrer de várias maneiras, podendo a criança tomar atitudes inadequadas ou desajustadas. Um  exemplo seria ela fazer o oposto do que os pais lhes pedem só  para obterem  atenção. Contraditório? Mesmo que a criança seja repreendida, de alguma forma terá obtido a atenção que buscava, que é a sua intenção positiva por trás do seu comportamento. 
Ainda é possível ocorrer de a criança procurar preencher sua carência na escola, provocando os colegas e até mesmo muitas vezes sendo agressiva. 
Esta criança começará a perceber suas ações como uma atitude normal, evitando expressar seus sentimentos reais e não se permitindo avaliar como realmente é.
É importante tentar entender por que a criança teve determinadas atitudes. Saber o porquê da agressão ao seu colega, por exemplo, ou o que ela estava sentindo quando se comportou de tal maneira. 
Quase nunca é dada à criança, seja em casa ou na escola, a oportunidade de expressar e entender o que sente em relação às atitudes tomadas, fazendo-a  aprender a direcionar melhor os seus sentimentos.  “As crianças que não sabem expressar bem suas emoções sentem-se constantemente frustradas” (Goleman, 1995, p.135).
O comportamento dos pais ou responsáveis influenciam diretamente na formação da auto-estima de uma criança, contribuindo para que ela avalie suas experiências e elabore seu auto-conceito. As percepções que terá dela mesma baseiam-se em como tais percepções foram construídas e passam a influenciar diretamente tudo na vida da criança. Portanto, uma criança que é educada sem ser considerada ou tratada com agressividade, poderá ser uma pessoa cruel ou agressiva, pois tende a reproduzir o modelo que vivenciou, introjetando tal modelo nela mesma, tendendo a decodificar estas reações como coisa natural.
Quando os adultos respeitam os sentimentos da criança e conversam com elas a respeito destes sentimentos, sejam eles positivos ou negativos, cujo na neuroeducação chamamos de produtivos e improdutivos, ocorre um fortalecimento da auto-estima da criança, o que faz com que se ela se sinta valorizada, dando-lhe a oportunidade de identificar e reforçar os sentimentos positivos.
Para exigir da criança ou do adolescente atitudes coerentes é preciso que eles saibam o conceito de tais coisas e também precisam saber o que realmente será cobrado e exigido deles. Muitas vezes nós adultos dissemos a eles apenas o que não se pode fazer, não esclarecendo aquilo que lhes é permitido fazer. Persistem na atitude errada porque não lhes foram ensinadas as opções corretas. Eles não terão outro caminho a não ser repetir o que já sabem fazer, mesmo que não seja o adequado. É preciso que os conceitos sejam construídos e desenvolvidos em cada criança.
O aprendizado emocional na família e na escola torna-se crucial para que as crianças aprendam a lidar com suas próprias frustrações e medos, assim como a gostar de si mesmas, compreendendo o outro como um ser humano com direitos iguais aos seus.
A criança deve aprender desde pequena a necessidade de ter compaixão, para que não venha a se tornar cruel no seu julgamento e para que não crie rejeições aos sentimentos de outras crianças. 
Observar como as pessoas de autoridade (pai, mãe, professores) reagem à outra que está com problemas, ajuda a criança na construção e no desenvolvimento da empatia e da compaixão.
Quanto mais a criança tiver conhecimento acerca de seus sentimentos e quanto mais se autoconhecer, mais capaz será de entender os sentimentos dos outros colegas. Colocar-se no lugar do outro tem um principio ético de moralidade. Para possibilitar a reflexão sobre os sentimentos do outro deve haver aprendizado. A criança aprende o que vivencia e o que experimenta. É crucial a importância de “ensinar” amor, respeito e regras.
Goleman relata uma pesquisa que mostra que bebês nascem solidários a outros bebês, reagindo como se os outros fossem eles mesmos. Por volta de um ano de idade, a criança percebe que o sofrimento do outro não é o dele.  Com mais ou menos dois anos e meio, percebem que o sentimento do outro é totalmente diferente do seu. Isto nos leva a pensar que, a partir daí, faz-se necessário que a criança aprenda a como reagir em relação à diversidade emocional que o cerca. Para isso a criança deve ser ensinada a lidar como os seus sentimentos desde cedo, assim como a perceber a diferença de funcionamento entre os seres humanos, como pensam, como sentem e como agem.
É importante ensinar e dizer o porquê de cada atitude que a da criança deve tomar, bem como explicar-lhe as causas e as conseqüências dos seus atos. A criança precisa de referências que a orientem com relação à maneira adequada de agir durante as várias etapas de sua vida. Sem estas referências acabam repetindo as atitudes utilizadas em experiências anteriores. Se a criança não aprende regras, não saberá qual o comportamento adequado escolher e continuará reforçando a experiência de referência, até que lhe seja oferecida uma oportunidade de reconstrução da estrutura lógica do seu sistema emocional.
A escola deve se lançar ao desafio de uma educação também na área emocional, a fim de ajudar a desenvolver em cada aluno os princípios dos valores morais e éticos, ensinando-lhe a ter sentimentos positivos sobre si mesmo e sobre os outros e a reconhecer suas emoções, incentivando-o a expressá-las, a fazer-se entender, criando-lhe responsabilidade sobre seus atos.
 Para Celso Antunes (2005), alfabetizar emocionalmente é produzir experimentos através de jogos e estratégias vivenciadas que agucem as funções cerebrais do aluno e abasteçam sua memória com informações prontas para serem usadas, caso pretenda fazê-lo. Crianças ou adolescentes devem aprender como podem expressar suas emoções e saber que existem escolhas. As emoções negativas também possuem significados a serem levados em conta. Nem sempre ficar com raiva é ruim, mas ficar sempre com raiva pode fazer com que a vida seja muito improdutiva.
 Goleman (1996) sugere usar os sinais de trânsito. Sinal vermelho: é o alerta para se acalmar e pensar antes de agir. Sinal amarelo: para dizer qual é o problema e como a pessoa se sente, estabelecendo metas positivas, pensando em todas as soluções e prevendo suas conseqüências. Sinal verde: para seguir em frente e tentar o melhor plano.
Segundo Antunes (2005), um professor que vai trabalhar com as emoções dos alunos deve entender suas próprias emoções e ser capaz de expressá-las, para que possa conduzir com eficiência esta importante missão. Deve ensinar aos alunos a serem responsáveis pelo sucesso ou não de suas ações; ajudá-los a construir uma variedade de circuitos neurais que garantam uma percepção mais útil das emoções, trazendo ao nível da consciência estratégias, noções e idéias, refinando, assim, seu modelo de experiências emocionais, para que não se tornem um conjunto de explosões e impulsos descontrolados. Durante a infância e adolescência devem ser criados hábitos de autocontrole emocional para que tenham registradas em seus circuitos neurais experiências emocionalmente equilibradas para uma vida adulta saudável e produtiva.
É importante proporcionar às crianças mais confiança, tornando suas escolhas mais produtivas, principalmente quando precisam mobilizar ações de emergência, que é quando a reação emocional controla as ações. Um aprimorado modelo de referências emocionais será, portanto, extremamente útil.        
Goleman (1996) diz que as emoções são sentimentos que se expressam em impulsos em grande intensidade, gerando idéias, condutas, ações e reações. Quando as emoções são equilibradas e bem-direcionadas, transformam-se em sentimentos elevados e sublimes, que, no futuro se tornarão em virtudes.